Espaços de memória da Sabiaguaba: valorização da história do bairro

O Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba reconhece a importância da cultura dos povos originários e tradicionais da região

Em um espaço aberto, sobre um piso de tábuas de madeira, em frente a uma placa colorida com os dizeres "Centro de Memória Raízes da Sabiaguaba), diversas pessoas, com roupas de cores variadas, estão reunidas.
Em uma sexta-feira, fim de tarde, a população, os permissionários e autoridades participaram da abertura dos espaços que homenageiam a cultura dos povos da Sabiaguaba. Foto: Nicolás Leiva

O Centro de Memória Raízes da Sabiaguaba e o Bosque de Lazer Rozimar, do Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba, foram inaugurados no dia 23. Os espaços dão visibilidade à constituição histórica da região, valorizando a população local. Estiveram presentes autoridades como o secretário do Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno, a diretora-presidenta do Instituto Dragão do Mar (IDM), Rachel Gadelha, a vereadora de Fortaleza e deputada estadual eleita, Larissa Gaspar, e o gestor do equipamento, Felipe Telles, moradores tradicionais e lideranças da Sabiaguaba. 

“Raízes da Sabiaguaba”, exposição permanente do Centro de Memória, se alicerça na ideia de Memória Coletiva, composta pelas memórias individuais de uma comunidade a partir da interação social. A exposição foi construída por meio de entrevistas com moradores e outros pesquisadores que lá atuam. Em um processo repleto de diversas formas de trocas, foram recebidas doações para o acervo, acolhidos relatos, percebidas práticas, usos e fazeres, em um diálogo entre presente, passado e futuro. Sob coordenação geral da mestra em História social e diretora da Butuca produções culturais, Paula Machado, duas historiadoras estiveram em campo por dois meses e puderam selecionar as nuances das relações que expõem como a ancestralidade dos povos tradicionais da Sabiaguaba se reflete nas práticas cotidianas.  

Assim, a exposição foi fundamentada nessa pesquisa, buscando se ater aos marcadores de tempo da memória, bem mais que o cronológico, dos relógios e calendários. Por isso, o acervo está dividido em fases da Lua, que aludem ao tempo cíclico, da natureza, e à presença marcante do feminino na Comunidade: Nova, que demarca a Arqueologia e a ancestralidade; Crescente, que remete às Comunidades tradicionais; Cheia, que se refere à Resistência; e Minguante, que aponta para a Luta e a ressignificação.  

Festejos e homenagens

Em frente a um banner com o mapa da Sabiaguaba, em verde, bege, azul e vermelho, uma mesa de madeira marrom-escuro, com alimentos como camarão, caju e frutas. Na extremidade esquerda (ponto de vista do leitor), algumas garrafas com líquidos entre o marrom-escuro e o marrom-claro e rótulos de fundo branco e desenhos laranja.
O “Festival do Mocororó” retoma um festejo tradicional e popular da região. Foto: Nicolás Leiva

A inauguração do Centro de Memória ocorreu junto com a abertura do Bosque de Lazer Rozimar, com a valorização dos personagens locais, e a volta de um dos eventos mais tradicionais da Sabiaguaba, o “Festival do Mocororó”. 

O Bosque de Lazer Rozimar homenageia, no Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba, uma liderança importante no bairro, Rozimar Maurício de Sousa, falecido em 07 de janeiro de 2020. Ele se destacou pela luta em defesa das políticas ambiental e cultural de Fortaleza e, em especial dessa região, onde viveu, trabalhou, construiu sua história. 

Já o Festival do Mocororó, bebida tradicional no bairro produzida a partir da fermentação do caju, foi uma realização da ANMAS – Associação de Nativos, Moradores e Amigos da Sabiaguaba, em parceria com o IDM, após dois anos sem a realização deste festejo popular por causa da pandemia. 

O Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba, equipamento da Sema, gerido pelo IDM, foi inaugurado em 29 de março de 2022 com os Polos: de Gastronomia Tradicional, de  Cultura, Memória e Natureza, de Educação Ambiental e Ecoturismo. O espaço foi aberto ao público em 07 de julho deste ano, com 17 quiosques para vendas de alimentos e bebidas. Os pontos são geridos por empreendedores tradicionais da região.