Documentário do Bom Jardim promove o encontro da devoção de povos originários no São Luiz

Vestes, comidas, bebidas e danças: tudo que move é sagrado para os Povos de Terreiro

No Cineteatro São Luiz, sentadas em poltronas na cor vinho, pessoas com roupas em cores variadas, algumas trajando vestimentas da Umbanda e Candomblé, assistem na tela o documentário Povos de Terreiro. Na cena, um homem preto, de camisa estampada, fala.
O documentário valoriza a presença e participação de devotos da fé dos povos africanos e indígenas para o Bom Jardim e o Ceará.
Foto: Flávia Almeida/ CCBJ

A beleza da cultura, religiosidade e conexão com a ancestralidade africana do Grande Bom Jardim são alguns atrativos do documentário e da série de podcasts “Povos de Terreiro” lançados na noite de quinta-feira, 05, no Cineteatro São Luiz, pelo Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ). Ambos são equipamentos da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), geridos pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). 

São seis episódios do podcast, já disponíveis nas plataformas de streaming e You Tube (com acessibilidade em libras) do CCBJ, e documentário, que tem potencial para participar de editais e festivais e, portanto, não pode ser exibido para um público mais amplo antecipadamente. Nos produtos, as falas de mães e pais de santos contam a história, a devoção, a relação com o sagrado dessa fé que é profundamente relacionada à história dos povos originários do Brasil, indígenas e africanos. 

Mãe Janaína, mulher preta, de vestido e turbante coloridos, fala ao microfone. Ao lado dela estão Mãe Sandra, mulher preta de pele clara, com turbante e blusa rosas claro e saia branca, e Pai Giuliano, cujo rosto não aparece todo na foto, vestindo  camisa branca e usando colar de contas colorido
Mãe Janaína Ti Osun destaca a importância do documentário para a difusão da cultura de matriz africana. Foto: Flávia Almeida/ CCBJ

“Foi muito tempo dedicado a esse vídeo e hoje estamos aqui, sendo contemplados. Eu espero que isso só fortaleça, se divulgue e agora cresça cada vez mais”, afirmou, no palco do São Luiz, Mãe Janaína Ti Osun, do Centro Espírita Umbanda Palácio das Águas. Ela se referia ao reconhecimento de valor dado à cultura ancestral, quando ela ocupa os espaços,  simbólicos e físicos, do cinema que é patrimônio tombado do cearense e do audiovisual. 

A ação em rede é uma marca do IDM ao gerir espaços e projetos públicos: cria-se um tecido amplo por meio de parcerias estratégicas entre os pontos de sintonia e complementaridade que cada um tem. “A umbanda, o candomblé, tudo aquilo que acontece ali naquele território e fomenta uma história cultural do Bom Jardim deve ser nossa – de cada colaborador – prioridade. É obrigação do CCBJ trazer cultura de terreiro para dentro e para outros equipamentos, como agora, no São Luiz. É importante que a gente assuma a responsabilidade de ser ponte e forma de ampliação para tudo que acontece no território”, diz Levi Nunes, gestor Executivo do CCBJ, referindo-se a esse potencial de intercâmbio.

Benjamim Lucas, gerente de  Articulação Institucional do IDM, também destacou esses pontos e acrescentou: “Essas culturas que estão todas sediadas e transitam no território do grande Bom Jardim são as raízes que colaboram na sustentação e se ramificam na cultura do país. E o CCBJ é um dos espaços de encontro e centralidade para as atividades dos Povos do Terreiro. O IDM atua, assim, colaborando com a política da Secult Ceará, dentro da necessidade de maior difusão e compartilhamento em outros espaços públicos, alimentando essa ação em rede que é tão cara para nós.”.

Em frente à tela do Cineteatro São Luiz, sobre o palco, onde se projeta o banner de fundo verde e letras marrons do "Povos de Terreiro", estão as pessoas que participaram da elaboração e difusão do documentário, com roupas de cores variadas.
Feito por muitas mãos, a série Povos de Terreiro, podcasts e filme, traz as representações do sagrado para os centros de Umbanda e Candomblé do grande Bom Jardim. Foto: Flávia Almeida/ CCBJ

Outra presença importante foi do Mestre da Cultura do Ceará e membro do Conselho Estadual de Política Cultural (CEPC), Pai Neto Tranca Rua, do Centro Espírita de Umbanda São Miguel. Além dele e de Mãe Janaína Ti Osun, falaram: Pai Iran do Negô Chico, da Sociedade Espiritual de Umbanda Caboclo Índio SEUCI, Mãe Socorro do Caboclo Vira Mundo, do Centro Espírita de Umbanda Caboclo Vira Mundo Pemba, Pai Guiliano Zé Pilintra das Almas, do Centro de Umbanda Zé Pilintra das Almas, e Mãe Sandra, do Centro Espírita de Umbanda Sagrada Família de Urubu Reis. Pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), Lorena Lyse, coordenadora de Cidadania, Acesso e Diversidade Cultural, e Jéssica Ohara, coordenadora de Patrimônio.