Um coração para amar a cidade e a liberdade: releitura da escultura de Gutiérrez

O artista Narcélio Grud e jovens do Centro de Semiliberdade Mártir Francisca  deram nova versão e recontextualizaram “Coração ninho” na Praia de Iracema

Várias pessoas falam durante a recontextualização da escultura "Coração ninho". Foto: JoãoWeyne
Evento de recontextualização da escultura em aço “Coração ninho”. Foto: João Weyne

Em 2017, a 4ª Edição do Festival Concreto trouxe ao Ceará o artista mexicano Libre Gutiérrez, que executou junto com os adolescentes do Centro Socioeducativo (CS) Dom Bosco uma escultura em forma de coração, em madeira, com mais de dois metros de altura, e repleto de ninhos, as casas-coração que abrigam os nomes dos meninos. Em 2022/2023, como parte do Programa de Oportunidades e Cidadania (POC), da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas-CE), o Projeto Trilharte, proposto e executado pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), realizou nova leitura e instalou, no final da tarde de ontem, 19,  na Praia de Iracema (ao lado da escultura de Leonílson, conhecida como “Caixa d’água dos peixinhos”), um novo coração, batizado “Coração Ninho”.

“Também estou muito tocada pela beleza, singeleza e importância desse momento. Por uma série de fatores: o Narcélio (Grud) não tem fronteiras, um artista empreendedor, leva nossas coisas para outros lugares e traz outros artistas. Portanto, esse compartilhar do Projeto com a Seas, a ampliação das possibilidades com a juventude para além dos muros, na Praia de Iracema, que é um lugar central, trazendo simbolicamente um Coração, coração dos jovens, que se renova e está nos renovando junto. Este é um trabalho na Fortaleza que a gente acredita,  no Ceará que a gente acredita. Muito obrigado a todos que participaram e, em especial, aos jovens. É uma honra fazer parte desse momento com vocês.”, afirmou Rachel Gadelha, na abertura do evento. 

Umamulher de camisa preta, branca e cabelos brancos commicrofone na mão e um homem branco,de óculos, camisa xadrez e barba
Roberto Bassan, titular da Superintendência do Sistema de Atendimento Socioeducativo, e Rachel Gadelha, presidenta do Instituto Dragão do Mar, na recontextualização da escultura “Coração ninho”. Foto: João Weyne

A reinterpretação foi orientada dentro da meta de Intervenções urbanas do Trilharte, facilitada pelo artista Narcélio Grud, idealizador e diretor do Festival Concreto e  designer. “A releitura do “Coração” seguiu o processo anterior: os jovens construíram, soldaram, participaram do processo em si. E com um simbolismo muito forte: o aço é firme e o aço inox tem uma resistência à ferrugem, com um brilho na cor vermelha que simboliza dias melhores. Esse vermelho traz a ideia de dias melhores para todos nós.”, explicou Grud.

A nova escultura, eólica, sonora e óptica, em grande parte foi executada em aço, com cerca de sete metros de altura e três metros de diâmetro, para simbolizar a vontade dos jovens do Centro de Semiliberdade Mártir Francisca de se sentirem integrados à cidade que deve recebê-los de volta, após a conclusão da medida socioeducativa. 

O superintendente da Seas, Roberto Bassan, destaca que a proposta junto aos jovens é ressignificar suas trajetórias, com destaque para elementos da arte e cultura: “A ideia é a Ocupação positiva do espaço urbano para que seja possível aos jovens superar as situações de estigma pelos talentos que eles têm. Para eles, essa foi a primeira oportunidade de produzir uma escultura, um objeto artístico. Queremos, portanto, potencializar para esses jovens o simbólico do Coração: que a cidade toda pulse e saiba que eles são capazes, de maneira positiva, de reinventar essas trajetórias de vida ”, enfatizou Bassan.

Várias pessoas abraçam o coração
Jovens do Sistema Socioeducativo e participantes do evento abraçam o “Coração ninho”. Foto: João Weyne

POC/ Trilharte

O Programa de Oportunidades e Cidadania (POC) visa garantir o acompanhamento multiprofissional, oferta de oportunidades e promoção de direitos aos jovens socioeducandos e seus familiares. Para dar conta desse objetivo em parceria com a Sociedade Civil, a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas), responsável pela iniciativa, divulgou o Edital 009/2021. Formado por um tripé de três projetos – Trilharte, Novas Trilhas e Embaixadores da Paz -, o POC amplia direitos dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e no período pós-extinção da medida, com ações voltadas para a Cultura de Paz e a profissionalização, por meio da arte, esporte, gastronomia e cultura digital, entre outros.

Para saber mais, acesse o relatório do Trilharte.