Trilharte e o Socioeducativo: Cultura para a inclusão social

No Dia Mundial da Justiça Social, as muitas possibilidades das atividades de formação e fruição do campo cultural como pilares para a equidade

Uma mulher branca, cis, maquiada, de batom vermelho, cabelos castanhos, brincos prateados, sorri para a câmera em primeiríssimo plano.
Vita Saraiva é coordenadora do Projeto Trilharte, desenvolvido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM) dentro do Programa de Oportunidades e Cidadania (POC), da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas-CE)

O Dia Mundial da Justiça Social, firmado em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU), conclama os Estados e a sociedade para a conscientização sobre as desigualdades sociais e a necessidade de políticas que efetivem vida justa e digna para todos.

Neste contexto, os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) preconizados pela ONU desde 2015 enfatizam a importância do cuidado integrado com a vida do planeta em três dimensões: social, econômica e ambiental. Entre os compromissos, a cultura destacou-se como um direito a ser garantido de forma articulada aos demais direitos sociais no enfrentamento de problemas como, por exemplo, a fome, a violência, as desigualdades sociais e as discriminações de gênero e étnico-racial. 

Em consonância com este propósito, no ano de 2022, no Ceará, foi possível observar a experiência do Projeto Trilharte como uma estratégia de inclusão social através e para a garantia do direito à cultura. Executado pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), no âmbito do Programa de Oportunidades e Cidadania (POC) da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo do Ceará (Seas), o projeto atendeu jovens do sistema socioeducativo, seus familiares e profissionais desta instituição. Entre as ações de formação e fruição, estiveram visitas guiadas, cursos e apresentações culturais dentro e fora dos centros socioeducativos. Os jovens também criaram materiais audiovisuais sobre suas narrativas de vida assim como colaboraram com a produção de intervenções urbanas na cidade. 

Dentre outros resultados, promoveu-se: o acesso a espaços/programações/oportunidades culturais pela primeira vez; o contato com a história da cidade e a memória de patrimônios culturais, desenvolvendo o sentimento de pertencimento comunitário; a reconexão de jovens com seus familiares durante atividades; o processo de desconstrução de preconceitos e estigmas sociais entre instituições e os jovens periféricos; o exercício do olhar, da escuta e do diálogo entre jovens, familiares e profissionais, contribuindo com a melhoria da convivência pacífica dentro sistema socioeducativo; a ampliação da possibilidade de sonhar e desejar a ressignificação das trajetórias de vida pelos atores envolvidos. 

Defender a cultura como um direito humano para a promoção da vida digna é, portanto, defender a busca de mecanismos que garantam a cultura como um dos caminhos possíveis para a concretização da justiça e da cidadania para todos os povos.

Vita Saraiva, coordenação do Projeto Trilharte – IDM, coord.trilharte@idm.org.br.  Mestra em Sociologia.