Projeto Trilharte realiza culminância com os jovens, familiares e profissionais do Sistema Socioeducativo 

O Instituto Dragão do Mar em parceria com a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo apresentará parte dos resultados  do Programa de Oportunidades e Cidadania

Um homem branco de barba, camisa azul de mangas compridas e óculos fala ao microfone. Ao redor dele homens e mulheres de raças variadas e roupas em diversas cores, escuta. À frente, um jovem de camiseta branca com com logos escuta.
Roberto Bassan, titular da Seas-CE, ressalta importância da cultura e das parcerias para promover a liberdade dos jovens. Foto: João Weyne

As juventudes precisam de espaço para sonhar, pensar e produzir. Com base nessa premissa, o Projeto Trilharte, dentro do Programa de Oportunidades e Cidadania (POC) do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo do Ceará (Seas-CE), trabalhou, em 2022,  com os jovens em cumprimento e após o cumprimento de medidas socioeducativas toda uma programação de formação e fruição em esportes, linguagens artísticas e cultura. 

Na tarde de quarta-feira, 25, o Instituto Dragão do Mar (IDM) responsável pela proposição e execução do Projeto Trilharte realizou, no Theatro José de Alencar, a Culminância do que os jovens produziram e aprenderam ao longo de 2022. Durante o evento, foram apresentadas as camisas desenvolvidas por eles, exposição de fotografias, cenário elaborado e montado pelas jovens na oficina de Cenotécnica, sob a orientação de Carú Morais, e exibição de produtos em audiovisual executados, durante a formação técnica “Desenquadrar”.

Para o professor de Design, Wesley Farpa, que facilitou com os jovens a criação e produção da camiseta com a marca “Só mininu bom”, os jovens podem ser mobilizados para fortalecer projetos sociais e culturais que existem nos próprios bairros. E deixou uma mensagem sobre o  respeito para as juventudes e as linguagens usadas pelos jovens: “Quando falamos que ‘Isso é o corre’, não falamos sobre crime. Quando falamos que é o ‘Certo pelo certo’ não falamos sobre crime. Quando falamos que ‘Cria tudo cria’ não falamos sobre crime. E quando falamos que ‘Aqui só tem menino bom’ não falamos sobre crime. É sobre isso, galera!”, destacou.

Os três vídeos produzidos pelos jovens em pós-cumprimento de medida que passaram pela formação técnica em audiovisual “Desenquadrar”  retratam as quebras do cotidiano que eles registram durante o curso, de 300 horas-aula: a alegria de mergulhar no mar, pulando da Ponte Metálica, a convivência com a afetividade do “Seu” Rocha, profissional de Serviços Gerais da Escola Porto Iracema das Artes, onde ocorreu a formação, e a animação deles em aprender as técnicas de sonorização dos vídeos, gravando em estúdio.

“É sobre esses encontros: todas as questões e momentos institucionais, inclusive este, existem para dar conta da necessidade humana de encontros, a nossa capacidade de nos transformarmos solidariamente por meio dos encontros. Aos jovens, fica a proposição: retornem, em liberdade, aos equipamentos e espaços públicos visitados, façam valer os convites que receberam para voltar. É um direito de vocês”, lembrou Lenildo Gomes, diretor de Articulação Institucional do IDM.

Roberto Bassan, Superintendente da Seas-CE, assinalou que foi uma importante opção de governo aprovar  a destinação de recursos voltados para a preparação do momento pós-cumprimento de medida e o acompanhamento dos jovens com a medida já extinta, com oferta de alternativas e soluções, pelo POC, nas áreas de empreendedorismo, educação continuada, cultura e arte, cultura de paz, cultura digital, ocupação dos espaços e equipamentos públicos, entre outros. “Para isso, contamos com o apoio fundamental no desenvolvimento do Programa das equipes das três Organizações da Sociedade Civil que foram parceiras nas proposições  e execuções apresentadas”, afirmou.

O Programa de Oportunidades e Cidadania (POC), da Seas-CE, visa garantir o acompanhamento multiprofissional, oferta de oportunidades e promoção de direitos aos jovens socioeducandos e seus familiares. Para dar conta desse objetivo em parceria com a Sociedade Civil, a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas), responsável pela iniciativa, divulgou o Edital 009/2021. Formado por um tripé de três projetos – Trilharte, Novas Trilhas e Embaixadores da Paz -, o POC amplia direitos dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e no período pós-extinção da medida, com ações voltadas para a Cultura de Paz e a profissionalização, por meio da arte, esporte, gastronomia e cultura digital, entre outros.

Na semana passada, houve ainda, dentro do Projeto Trilharte, a recontextualização, na Praia de Iracema, da escultura “Coração ninho”, elaborada pelos jovens do Centro de Semiliberdade Mártir Francisca e pelo professor da meta de Intervenções Urbanas, artista plástico e designer, Narcélio Grud. A obra é uma releitura em aço da escultura “Coração madeira”, proposta pelo mexicano Libre Gutiérrez, na quarta edição do Festival Concreto.