Instituto Dragão do Mar e Cineteatro São Luiz realizam projeto sociocultural com pessoas em situação de rua

O Estouro Cultural envolve diversos parceiros e realizou no mês de Outubro uma oficina de trancismo.

Mulheres participam de oficina de trancismo realizada pelo projeto Estouro Cultural. Imagem: Guilherme Silva.

A Cidadania Cultural como meio para a transformação social e trabalhando a cultura como direito fundamental de todas as pessoas. Esse é o princípio do projeto “Estouro Cultural”, iniciativa que o Instituto Dragão do Mar (IDM) e o Cineteatro São Luiz têm construído para promover ações socioculturais e intersetoriais voltadas para pessoas em situação e superação de rua no Centro de Fortaleza (CE).

O projeto conta com a participação de diversas instituições, como o Centro Pop, a Ponte de Encontro, o Movimento Nacional da População em situação de rua (MNPR), a Casa da Sopa, a Escola Mandacaru, o Instituto Juventude e Inovação (IJI), O Pequeno Nazareno, o Centro de Referência sobre Drogas, a Coordenadoria de Políticas sobre Drogas (Prefeitura de Fortaleza), a Rede Cuca, Caixa Cultural e o Grupo Amor.

Localizado no coração do Centro de Fortaleza, o Cineteatro São Luiz se vê diante de um contexto social complexo na Praça do Ferreira, que se intensificou após a pandemia. Sentimos necessidade de iniciar uma verdadeira interação com a comunidade da praça e do entorno, no intuito de atender de forma sistemática as crianças em situação de rua e suas famílias. Por isso, junto com o IDM, mobilizamos diversas entidades ligadas à proteção e promoção de direitos para dar forma a essa iniciativa, além de inserir ações periódicas e incluir essa população na programação do São Luiz”, afirma José Netto, diretor do Cineteatro São Luiz. 

O Estouro Cultural é um projeto que nasce do desejo de promover o acesso à cultura e à emancipação humana para pessoas em situação de rua, entendendo que a cultura é um direito fundamental e que pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.

A formação desempenha um papel crucial no projeto, ao proporcionar oportunidades de aprender novas habilidades e profissionalização para pessoas em situação de rua. De 26 a 29 de outubro, o projeto promoveu, em parceria com o Instituto Juventude Inovação, uma formação em Trancismo, introduzindo a técnica de penteados com raízes profundas na cultura afrodescendente. O trancismo vai além de uma habilidade prática, sendo também uma forma de honrar a ancestralidade e preservar tradições culturais.

Essa é uma das ações de Cidadania Cultural do IDM, que procura promover ações socioculturais que garantam o acesso das pessoas em situação e superação de rua na política de cultura e redes de proteção. Com isso, desejamos estruturar políticas institucionais contínuas e sistemáticas de atendimento e acompanhamento, garantindo a permanência e participação ativa dentro da cultura. Somente assim, poderemos avançar no enfrentamento a pobreza e violência. É preciso garantir oportunidades, proporcionando a real superação da rua”, afirma Vita Saraiva, coordenadora de Cidadania Cultural do IDM.

De onde vem Estouro Cultural”?

O nome do projeto tem raízes profundas com o movimento das pessoas em situação de rua. O termo “estouro” é utilizado para anunciar a chegada de doações nas praças, atraindo a atenção de todas as pessoas dali para a disponibilidade de doações. A escolha do nome “Estouro Cultural” foi feita de maneira democrática, envolvendo ativamente a população em situação de rua e as entidades parceiras. Esse nome representa não apenas a cultura de doação e solidariedade na praça, mas também o compromisso do projeto em dar voz e empoderar as pessoas que circulam  nesse espaço, demonstrando o poder da inclusão e participação comunitária.

Cidadania Cultural em Rede no Instituto Dragão do Mar

Buscando potencializar as práticas já existentes, inspirar novas ações e fortalecer a rede de equipamentos sob sua gestão com foco em suas diretrizes estratégicas, o IDM vem trabalhando a Cidadania Cultural em sua rede. Equipamentos como Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), Centro Dragão do Mar, Cineteatro São Luiz e Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) já desempenham um importante trabalho com núcleos de atuação em cidadania cultural. Agora, com articulação do IDM, a rede dialoga e estuda formas de fortalecer a atuação e expandir para a rede.