Homenagens a B. de Paiva emocionam família, amigos e admiradores

Reinauguração do Teatro que leva seu nome, peça, biografia interpretada em poema, leituras dramáticas, entre outra atividades, lembram a trajetória do dramaturgo cearense

“Viemos de novo aqui já fazer do teatro um lugar em que possa haver todos os tempos. Mas, há o tempo em que possamos proclamar no teatro não a morte. Mas a chama da vida!”. A frase foi dita, nesta segunda (27), no Palco principal do Theatro José de Alencar (TJA),  pelo ator, diretor e dramaturgo Ricardo Guilherme, durante o espetáculo de celebração à vida do também ator, dramaturgo, encenador, professor e gestor B. de Paiva, que faleceu este ano. 

No centro do palco, na frente da cortina vermelha com detalhes dourados, um homem calvo, de camisa branca, calça marrom, segura o microfone com as duas mãos. À esquerda (perspectiva do leitor), um homem calvo, de roupa preta, está sentado em um banco preto e à frente dele há um microfone preto.
Pedro Domingues, gestor do Theatro José de Alencar e ex-aluno de B. de Paiva, relembra o mestre. Ricardo Guilherme espera para interpretar a biografia poética do dramaturgo cearense. Foto: Marieta Rios

Esta foi uma das apresentações do Dia Mundial do Teatro, 27.03, dedicado a homenagens a B. de Paiva em equipamentos da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), geridos em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM):  Centro Cultural Bom Jardim, Centro Cultural Porto Dragão, Escola Porto Iracema das Artes e Theatro José de Alencar realizaram programação especial com a presença de familiares, amigos, ex-alunos, gestores da Cultura e admiradores da sua obra. Também entrou na programação o Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno (TUPA), da UFC. 

A diretora-presidenta do Instituto Dragão do Mar (IDM), Rachel Gadelha, destacou a importância do artista. “Rendemos essa homenagem a B. de Paiva, primeiro como artista, mas também como criador e gestor de espaços para a fruição.  Ele, que ousou sonhar outros futuros para a arte no Ceará, missão  que se aproxima tanto do propósito do IDM”, afirmou. Ela ressaltou a importância da participação do dramaturgo cearense na fundação da Secult Ceará e do Teatro Universitário, da Universidade Federal do Ceará (UFC), além de ter sido gestor de outras organizações, como a Funarte.  Paiva nunca deixou de lado a atividade artística, em grupos como Teatro Experimental de Arte e a Comédia Cearense. “Ou seja, ele esteve de um jeito inovador nos três pilares do nosso campo hoje: formação, criação e gestão”. Consideramos de suma importância que as novas gerações de artistas conheçam e reconheçam os precursores da arte no Ceará” complementou Rachel. 

Na programação, o retorno da placa com o nome de B. de Paiva ao Teatro do Centro Cultural Porto Dragão. Neste momento, além da presença da família, a diretora-presidenta do Instituto Dragão do Mar e a secretária da Cultura, Luisa Cela, descerraram a placa que conta um pouco da história do teatrólogo à frente de diversos equipamentos, grupos, cursos e faculdades de Teatro no Brasil. 

Quatro homens estão no palco do Theatro José de Alencar, com uma cortina vermelha e detalhes dourados ao fundo. Da perspectiva de quem lê, da direita para a esquerda: um homem alto, de cabelo liso castanho, blazer preto, blusa branca e calça bege, um homem calvo, de casaco preto, óculos, as mãos cruzadas na frente da barriga e a expressão triste, um homem branco, de aproximadamente 21 anos, cabelos no ombro, lisos e castanhos, óculos e roupa preta, um homem vestindo fantasia colorida, com o rosto pintado e chapéu artesanal.
Cláudio Paiva, filho de B. de Paiva, agradece cada um presente nas homenagens e a lembrança ao pai dele. Foto: Marieta Rios

“Eu queria agradecer de coração, mas de coração aberto o que foi feito hoje, a cada um que está aqui, a cada uma das pessoas que tem contribuído para essa memória, a memória dele transcende: tem B. de Paiva em cada cadeira dessa. O B está aqui, em cada um dos corações de quem teve a oportunidade de conviver com ele”, com essas palavras, no Theatro José de Alencar, Cláudio Paiva, o filho de B. de Paiva.

SOBRE B. DE PAIVA

Um homem calvo, de cabelos brancos, óculos marrons, camisa azul está sentado à frente de seus livros, de capas de cores variadas.
O cearense B. de Paiva foi dramaturgo, gestor, ator, encenador e professor, além de ter sido fundador de equipamentos e instituições da Cultura no Brasil

Referência do teatro moderno brasileiro, o diretor teatral cearense B. de Paiva ajudou a fomentar o teatro amador e a profissionalizar a área. Aos 90 anos, em 31 de janeiro de 2023, José Maria Bezerra de Paiva nos deixou uma trajetória bonita e diversa como ator, poeta, dramaturgo, encenador, historiador, gestor e professor.

B. de Paiva liderou o processo de instauração do Moderno Teatro do Ceará, com a criação do Curso de Arte Dramática (1960) e do Teatro Universitário da Universidade Federal do Ceará (1965), núcleos importantes para a formação de inúmeros artistas e técnicos vinculados às artes cênicas. 

Em Brasília, passou a comandar a Fundação Brasileira de Teatro (FBT), ajudou a fundar o Ministério da Cultura e ocupou cargo gerencial na Funarte. B. de Paiva também foi gestor do Theatro José de Alencar entre os anos de 1960 a 1967, período em que também assinou a produção de espetáculos teatrais do grupo Comédia Cearense e do Teatro Universitário.