por Lenildo Gomes

O Instituto Dragão do Mar, a partir de março de 2021, iniciou um processo de mudanças profundas, da recomposição da sua diretoria até a revisão de fluxos administrativos, reformulação de algumas equipes, dentre outras novidades que começaram ali. Um firme esforço na tentativa de dar outra face a essa OS de cultura que se orgulha em ostentar o título de mais antiga do Brasil. Dentre inúmeras características, o quadro encontrado remetia à existência de muitas assimetrias financeiras entre os equipamentos geridos, descompasso de pensamento e conceitos, e a certeza da necessidade de avanços em alguns campos caros à contemporaneidade da gestão de políticas públicas de cultura.
Falar do IDM daquele começo de 2021, é falar de uma instituição que não só pensava, mas, acima de tudo, se colocava com firmeza na missão de protagonizar melhorias em sua forma de ser e de gerir uma complexa rede de equipamentos culturais, ambientais e esportivos.
Dentro desse movimento, a então diretoria de Articulação Institucional buscava, assim como todo o Instituto, entender-se enquanto parte das mudanças necessárias para esse reposicionamento. De cara, o desafio de participar ativamente da construção do Programa Cultura em Rede confirmava tais assimetrias estruturais e econômicas nos equipamentos da Rede. Conceitualmente, identificou-se a importância de elaboração de um pensamento que direcionasse as ações finalísticas e, assim, também contribuísse para compor o escopo de gestão do IDM.
Algumas questões fundamentais se colocaram entre os enormes desafios que a Diretoria precisaria enfrentar: avançar num pensamento mais elaborado de curadoria e programação; parametrizar valores de cachês, políticas de pautas e formas de acesso aos equipamentos; fortalecer as parcerias institucionais; avançar na articulação e integração de políticas juntos à rede; avançar na construção de uma política que pautasse a diversidade e colaborasse para a criação de efetivas ações de inclusão, diversidade e cidadania cultural.
A mudança de nome da diretoria (então Articulação Institucional) para Ação Cultural se deu a partir da percepção de que todas as questões apontadas nessa reestruturação precisavam ser refletidas não somente no conjunto de atividades desenvolvidas, mas também no nome/identidade da mesma. A composição da equipe da DAC passou a refletir também as áreas de sua atuação: articulação institucional, ação cultural, cidadania cultural, direitos humanos e diversidade.
Em 2024, os avanços na consolidação de políticas no âmbito da gestão em rede, da ação cultural, da garantia de direitos podem ser percebidos em documentos elaborados e publicados e também no reflexo disso tudo numa relação ainda mais próxima com os equipamentos geridos pelo IDM. Com sua política de direitos humanos e diversidade, por exemplo, o IDM passou a responder, substancialmente, a uma demanda vinda das ruas, dos corpos divergentes, dos territórios múltiplos e dos movimentos organizados (ou não).
A ideia de direito à cultura é, por si só, o pano de fundo de tudo isso, ou, a forma por excelência da garantia da vida cultural a partir da noção de diversidade e do exercício livre das individualidades e identidades.
Viver o direito à cultura, nesse sentido, é vivenciar a própria política cultural e sua contemporaneidade, com seus recortes particulares e únicos, mas, acima de tudo, com um sentido de coletividade e de interação entre tais individualidades e identidades. Diversidade, no sentido mais potente da expressão.
Através de parcerias institucionais, equipamentos como o Centro de Formação Olímpica, Hub Cultural Porto Dragão e Centro Cultural do Bom Jardim, para citar apenas alguns, vêm consolidando seus programas e atividades desenvolvidas. A política de pautas, a padronização dos cachês e a criação de grupos de estudos em curadoria e cidadania cultural, contribuíram para a construção de pensamentos mais complexos acerca do que estamos fazendo.
Sim, ainda temos muito para caminhar, avançar e continuar nesse caminho de consolidação institucional do IDM. Olhando para o ano de 2024 e pensando nele como referência para o presente e futuro, três desafios me parecem essenciais e neles a Diretoria de Ação Cultural ocupa lugar estratégico: aprimorar o modelo de gestão em rede no sentido de aproximar ainda mais os equipamentos e seus programas; consolidar as ações de captação de recursos e demais possibilidades de sustentabilidade e, por fim; estruturar ações no sentido do crescimento institucional no campo dos direitos humanos, ampliando e aprimorando a forma como cada equipamento se relaciona com as pessoas que vivem nos territórios onde estão inseridos.